Indústria 4.0 – Como as tecnologias emergentes e as mudanças de comportamento da sociedade poderão moldar as dark factories nas próximas décadas
A manufatura industrial moldou o mundo desde a 1ª revolução industrial e vem evoluindo ao longo dos séculos conforme os saltos históricos do desenvolvimento da Humanidade e suas necessidades econômicas.

De linhas de montagem mecânicas e dependentes da força do homem, às linhas de produção massivas de Henry Ford, passando pela automação eletrônica e primeiros robôs na indústria após a metade do século XX, a 4ª Revolução Industrial e o avanço exponencial de algumas tecnologias apontam para as fábricas altamente automatizadas que estamos começando a ver hoje, as dark factories.
As dark factories são locais de produção totalmente automatizados, com pouca intervenção humana direta e ainda que haja alguma, é remota na maioria das vezes. E por isso, a fábrica pode operar totalmente no escuro.
Vale considerar que a 4ª Revolução Industrial ainda está em seu berço, nos preparando para o que ela ainda pode se tornar quando tecnologias como: IIOT (a internet industrial das coisas), 5G, computação de borda e cloud, realidade estendida, inteligência artificial, big data, gêmeos digitais, nano robôs e cobots, impressão 3D, blockchain e NFT, no auge de sua maturidade, se combinarem com a cadeia produtiva das fábricas praticamente eliminando a força humana da produção. A força humana foi extremamente necessária nas demais revoluções, mas a capacidade criativa, analítica e intelectual exigirá muito mais de nós humanos na Indústria 4.0.
Isso certamente tem um impacto na sociedade, e ainda assim, a sociedade pode impactar a maneira como a indústria se organiza e produz. E é olhando para esses sinais fracos de mudança desde o comportamento humano, para a possível escassez ou surgimento de novos recursos, ou negócios e acompanhando novas tecnologias, que podemos nos preparar melhor para os possíveis futuros explorando diferentes cenários.
Aqui na GFT, o trabalho de estudos futuros é feito em colaboração com especialistas em Foresight e Pensamento de Futuros para ajudar organizações a antecipar e tornar tangível algumas ações que poderiam ser elencadas no roadmap estratégico de curto, médio e longo prazo da sua empresa, gerando oportunidades, diminuindo riscos e contornando ameaças para vários ecossistemas de negócio. Usando o conceito mais amplo de design, o CI&E é a área que entende o problema e compreende a necessidade do negócio e por meio de pesquisa e métodos de design, captura e gera oportunidades reais e aderentes que entregam valor às organizações.
Foram utilizadas técnicas do novo framework do CI&E, o Strategic Future, aplicando o tema das dark factories para vislumbrar 2043 e imaginar a atuação dessas indústrias em um novo cenário de transformação. Combinando pesquisa de tecnologias com o mapeamento de sinais fracos de mudança em 11 macro forças de impacto (saúde, educação, infraestrutura, ética e moral, geopolíticas, economia, bem-estar, sociedade, meio ambiente, comunicação e tecnologia) , foi possível imaginar um cenário em um horizonte de 20 anos para criar visões de negócio que ajudam a sua organização a mapear oportunidades e identificar riscos e ameaças a longo prazo, em um processo sistêmico e de embasamento científico.
Um cenário prospectivo é a criação de um futuro alternativo que surge do enquadramento de um tema central e direciona uma pesquisa em um sistema ou ambiente, avaliando o impacto das novas tecnologias e das macro forças citadas acima sobre as pessoas, as organizações, o mundo ou universalmente. É a partir de cenários alternativos que a organização identifica e adota estratégias para longo prazo ou constrói planos para monitoração.
O cenário abaixo é parte do trabalho criado por Bianca para o horizonte de 20 anos e tem como plano de fundo as dark factories para ilustrar uma sociedade e um ambiente de transformação.
Um futuro abundante para as dark factories em 2043
Por volta do ano de 2043, a sustentabilidade é a força motriz das principais economias mundiais. Novas leis e regulamentações obrigaram as indústrias e as organizações de modo geral a se adaptar às tecnologias verdes, uma vez que os próprios consumidores passaram a exigir das marcas, soluções menos agressivas ao meio ambiente e que contribuem à reversão climática alarmante de duas décadas atrás.
Ainda existe uma resistência para o uso de produtos e combustíveis de origem fóssil. Óleo e carvão são amplamente utilizados, porém as fontes de energia limpa são abundantes e mais baratas e por essa razão, passaram também a ser adotadas nas indústrias que receberam subsídios dos governos para se atualizarem. E assim, como sustentabilidade é vivida e sentida no cotidiano, ela deixou de ser custo para as organizações e passou a gerar oportunidades e receita que se multiplicam a cada ano.
Como a demanda no setor de sustentabilidade impulsionou e se transformou com a economia circular, novas profissões surgiram buscando novos profissionais para atuar no setor de energia, biotecnologia, pesquisa por novos recursos e materiais e em engenharia florestal e climática. Isso esvaziou demasiadamente o setor da indústria, já que a mão de obra se especializou em outras áreas.
Porém, a sociedade continua consumindo e demandando por produtos e serviços que só a indústria consegue de gerar. E nesse cenário, as dark factories em 2043 se operam sozinhas. Todo o processo de produção – desde a entrega das matérias-primas na fábrica até a entrega dos produtos acabados – é realizado completamente por máquina. A energia elétrica agora deu lugar à energia solar e isso funciona bem na maioria dos lugares para manter as máquinas em operação.
As linhas de produção em massa passaram agora a aguardar demandas personalizadas que atendem consumidores cada vez mais exigentes. Apesar da sustentabilidade e da economia circular mudarem a forma de consumir e, do Omniplace ser o metaverso onde produtos e bens de consumo não exclusivos podem ser alugados e devolvidos, eventualmente, a capacidade de individualização e personalização de um produto ou serviço é o maior diferencial competitivo para uma marca, além da velocidade da entrega e da sua durabilidade. E atraí um mercado de luxo exigente.
Por um comando de voz ao seu assistente doméstico, um consumidor ordena um novo tênis. No Omniplace, vários players terão acesso ao pedido, podendo projetar em realidade mista o pedido do cliente em tempo real. O pedido é enviado para uma dark factory produzir e entregar o objeto no mesmo dia, onde quer que o consumidor se encontre.
As dark factories agora contam com uma inteligência artificial generativa avançada que é capaz de projetar um produto com as características desejadas, imprimir o modelo em 3D com filamentos sustentáveis e nano robôs que monitoram e acompanham o uso do produto em toda cadeia de valor até seu descarte final. O produto é impresso, embalado e despachado até a localização do consumidor, sem nenhuma interferência humana.
Por consequência desse avanço e da mudança do comportamento do consumidor, os antigos estoques e centros de distribuição foram praticamente extintos na última década. Da mesma forma, essa busca crescente por inovação e tendências, faz com que a lista de fornecedores e novos materiais seja dinâmica e crescente, além de ser quase impossível manter a exclusividade destes parceiros. Além disso, como novas marcas surgem a cada dia, as indústrias são centros de criação e produção colaborativos para esses produtos e serviços.
Em meio a tanta concorrência e orientados pela sustentabilidade, a obsolescência programada dos produtos de consumo, principalmente de uso doméstico e pessoal, deu lugar a recuperação programada. A durabilidade e qualidade dos materiais usados na fabricação, bem como novos materiais e recursos é insistentemente pesquisada pelas marcas, trabalho exclusivamente dedicado aos humanos que contam com a análise de dados capturados pelos nanos robôs desde a origem até o descarte do produto final, portanto, a recuperação programada também faz parte do ciclo de produção dessas dark factories e mantém a garantia de um produto durável para o consumidor na ponta. Essa é uma vantagem competitiva que atraí consumidores para a etiqueta sustentável.
Essas mudanças contribuíram para uma economia circular eficiente, porém cada vez mais complexa, à medida que torna a criação de valor mais desafiadora para as marcas. Profissionais analisam insights gerados por inteligência artificial constantemente para encontrar maneiras de inovar. Enquanto para às dark factories, diminuem suas pegadas de CO2, estão simultaneamente operando de forma mais lucrativa do que na era da produção em escala, contribuindo imensamente para um planeta melhor com o passar do tempo.
E as oportunidades de mudança?
Obviamente, o cenário acima explorou algumas de muitas tendências e sinais de mudanças para os próximos 20 anos e é uma amostra do que o Strategic Future pode, com múltiplos cenários e visões (crescente, de declínio, de transformação ou colapso) gerar de oportunidades e mapear ameaças para um determinado nicho de pesquisa.
Baseado em Foresight Estratégico, o framework tem por objetivo identificar esses sinais de mudança quanto antes e ajudar as organizações, instituições e pessoas a anteciparem ações para futuros mais positivos e sustentáveis, enquanto promovem a inovação e novas formas de gerar valor.
Ficou curioso sobre como esse cenário foi construído e como Strategic Future pode ajudar seus negócios? Fale com o nosso time de consultores e peça uma demonstração.