Precisamos falar sobre saúde mental no ambiente profissional

Muito tem se abordado sobre saúde mental, e a chegada inesperada da pandemia da COVID-19 deixou clara a urgência do tema na vida da população. Mas ter o assunto nos principais fóruns de discussão não é o bastante para se ter uma mudança efetiva no comportamento da sociedade. E questiono: Estamos de fato cuidando da saúde mental de nós mesmos e daqueles que estão em nosso entorno? Entre o falar e o agir, há um abismo, que não deve mais ser ignorado.

Ao destacar esse tema é praticamente impossível não pensar na medalhista olímpica, Simone Biles. A decisão dela de desistir de todas as provas das olimpíadas de Tóquio, por problemas psicológicos, mostra a urgência de se ter ações efetivas para cuidar da saúde mental de cada um que nos rodeia. Afinal de contas, ainda estamos no meio da pandemia, e não podemos e nem devemos ignorar esse contexto. Fomos forçados a nos adaptar num cenário inesperado, que mudou a vida de muitas pessoas e levou a de tantas outras.

Como líder e gestor de pessoas, não consigo desvincular o tema do ambiente profissional. Ainda mais dentro do contexto pandêmico, em que muitas pessoas mergulharam no trabalho e questões que antes apenas geravam incômodo, ganharam novas proporções. Isso mostra a importância de se pensar programas de bem-estar estratégicos e bem desenhados. Não adianta adotar alternativas fragmentadas, elas apenas irão se revelar como medidas paliativas, que não vão de fato ajudar quem precisa. 

A pesquisa Wellbeing Diagnostic mais recente revelou que apenas 18% das empresas brasileiras possuem hoje uma estratégia clara de bem-estar com objetivos e metas mensuráveis. Esse número já foi menor, em 2015 apenas 5% traziam algo efetivo. Por mais que o número tenha crescido, ele está longe de ser o ideal. É aí que está o abismo entre o falar e o fazer. 

Na GFT Brasil, entendemos que, diante da realidade imposta pela pandemia, precisaríamos oferecer um espaço de acolhimento aos nossos colaboradores. Era importante que eles soubessem que os canais de comunicação estavam disponíveis e que nesses momentos precisávamos, mais do que nunca, estar juntos para que isso desse certo.  De forma ágil não apenas adaptamos o trabalho de nossos colaboradores como também pensamos no bem-estar mental de nossos funcionários e trouxemos acompanhamento psicológico para este novo momento. Sabíamos que o momento exigia muito do emocional de cada um, pois a pandemia afetou não só a vida profissional deles, como também a pessoal. Precisávamos nos antecipar e oferecer desde o começo um suporte psicológico.

Vejo que precisamos ter uma gestão cada vez mais humanizada, e se aprimorar cada vez mais. E isso é reflexo do contexto da pandemia que destacou a importância de se olhar para o outro e para o coletivo. Não podemos ignorá-lo, inclusive no ambiente corporativo. Isto porque o trabalho, mais do nunca, passou a interferir em outros fatores da vida. Está tudo conectado. Quem não está bem precisa de coragem para se mostrar vulnerável, e as empresas precisam estar ali para oferecer um suporte real e necessário.