Como evoluir um espectro mais completo de agilidade?

Quando falamos de agilidade, com certeza em algum momento você já se perguntou como seria uma jornada de transformação ágil, seja ela no nível de times ou no nível organizacional, seja você um agilista ou até mesmo um executivo querendo habilitar a efetividade e a evolução dos seus negócios.

Porém, essa não é uma pergunta tão simples e direta de ser respondida. Pensando nisso, criamos o GFT Agility Map for Evolution (GAME), uma bússola para a evolução ágil nas organizações, com foco em ajudar nossos clientes em conversas sobre o que e como seria a jornada de evolução relacionada à agilidade. No entanto, antes de entrarmos nos detalhes dessa ferramenta é importante entender o que nos impulsionou a chegar até aqui.

Quando olhamos uma típica adoção ágil vemos um foco muito grande de trabalho nos times. No entanto, quando comparamos com todo o restante da organização, temos uma série de lacunas difíceis de preencher. Se utilizarmos o Scrum como referência, é um ótimo framework, no entanto, ao pensarmos nos três papéis propostos, é muito natural de associá-lo a um time de desenvolvimento de software, porém, muitas vezes fica difícil conectar com o restante da organização.

Outra dificuldade muito comum nas companhias é a falta de uma visão sistêmica, onde considera-se somente uma parte isolada e não a organização como um todo. Isso acarreta uma compreensão distorcida do que realmente é o sistema, o que pode levar a um direcionamento pouco assertivo da evolução que deve ser seguido.

Ao pensar em como realizar essa jornada para a transformação ágil, considerando que existem diversos métodos ágeis, frameworks e modelos que podem apoiar nessa evolução, a grande dúvida é como saber por onde começar e como essas opções se conectam.

Uma outra reflexão importante e que muitos nos questionam é se existe algum elemento que nos traga a ideia de maturidade ágil. Para este tipo de situação, é importante refletirmos: “Será que realmente existe maturidade ágil?”. Se avaliarmos o termo “maturidade”, por meio de uma compreensão orgânica, temos o seguinte conceito extraído da botânica:

         “Maturidade: Estado de um fruto que alcançou seu desenvolvimento completo.”

Lendo isso parece algo bom, não? A nossa organização alcançou o nosso desenvolvimento pleno em agilidade. No entanto, qual seria o próximo estágio? Gostamos de referenciar um abacate, quando ele está maduro quer dizer que ele está bem perto do próximo estágio, que é o de apodrecer.

Refletindo sobre organizações orgânicas, entendemos que maturidade não seria a melhor metáfora a ser utilizada. O nosso entendimento é que o conceito de evolução é a metáfora mais apropriada para refletirmos sobre melhoria contínua, onde não necessariamente existe um estágio final.

Considerando esse contexto, junto com a nossa experiência de campo em ajudar empresas de diversos tamanhos e segmentos nas transformações ágeis, além de uma profunda reflexão sobre a essência dos modelos e frameworks existentes, desenhamos o GAME, uma ferramenta que nos norteia a definir a melhor estratégia para a adoção e a evolução da agilidade nas organizações. Os seguintes princípios nortearam a construção do GAME:

  • Ser orientado a problemas e não a um conjunto de ferramentas e práticas;
  • Facilitar a visão do todo e não apenas de uma única parte, de um único time, de uma única área, por exemplo;
  • Promover clareza quanto à situação atual e futura;
  • Estimular abordagens evolutivas;
  • Ser agnóstico e pragmático, permitindo compatibilidade com os frameworks ou métodos existentes no mercado.

Voltando para o nosso problema original em como olhar para a agilidade de maneira mais holística e em como expandir o benefício da agilidade em toda a organização, podemos trazer o conceito de espectro, extraído da física:

         “Espectro: conjunto dos raios coloridos, resultantes da decomposição de uma luz complexa.”

O GAME contém cinco grandes espectros que sintetizam as habilidades organizacionais necessárias para Business Agility. Entendemos que agilidade é o mecanismo para atingir a eficácia e evolução do negócio na era digital, habilitando suas operações orientadas a entrega antecipada e contínua de valor aos clientes/usuários. Por esta razão que Business Effectiveness & Evolution (Efetividade & Evolução do Négocio) é o espectro que norteia o GAME. Essa competência é o resultado da evolução e da melhoria contínua dos espectros descritos abaixo:

  • Core practices for evolutionary work (Práticas Essenciais para um Trabalho Evolucionário) – Habilitar times e indivíduos a usar práticas de trabalho iterativo e incremental
  • Teaming Skills (Habilidade de Time) – Criar uma cultura colaborativa para aumentar a efetividade do trabalho em time
  • Organisational Cohesion (Coesão Organizacional) – Otimizar um sistema de trabalho fim-a-fim, facilitando a integração, alinhamento e colaboração de múltiplos times
  • Organisational Responsiveness (Responsividade Organizacional) – Habilitar estruturas organizacionais que estimulem flexibilidade de operações e agilidade nas decisões para atender novas demandas de mercado

A imagem abaixo ilustra como esses cinco espectros se conectam para uma verdadeira evolução ágil.

Cada espectro tem o alicerce muito forte em quais competências-chave devem ser construídas e não nas ferramentas que serão utilizadas para isso. Um simples exemplo é o fato do GAME não avaliar se o time faz reunião diária bem-feita quando utiliza o Scrum, mas sim o quanto o time sabe lidar com incertezas, tem ritmo sustentável e mecanismos rápidos de feedback.

Vale ressaltar que não existe um limite claro entre os cinco espectros, o GAME não é um modelo linear e sim radial. Isto faz com que a evolução ágil aconteça de forma leve e natural para as organizações.