Os desafios e oportunidades para TI no mundo pós-pandemia
“It’s the End of the World as We Know It” é uma música famosa do R.E.M. Sim, acredito que o mundo como conhecemos não existe mais, e o mundo que vai surgir será com certeza muito melhor. Estamos passando por uma fase de transição, momento de ficar em casa, que nos faz repensar os nossos modelos de vida e de trabalho. Em apenas algumas semanas tudo mudou: cancelamos encontros familiares, sociais e de negócios, estocamos itens essenciais, abandonamos planos de viagens e transformamos as nossas casas em escritório. O mundo transformou-se e isolou-se numa velocidade nunca antes vista.
Muitas empresas que sobreviverão a este período deverão usar a tecnologia a seu favor. As organizações que souberem administrar toda essa mudança, acelerando a transformação digital, estarão à frente da concorrência, mas, principalmente, as que implementarem novas formas de trabalho com processos mais ágeis e virtuais.
Uma das grandes mudanças provocadas pela pandemia é adoção do home office. Um estudo publicado na revista Forbes revelou que mais de 85% das pessoas em todo o mundo tem o desejo de trabalhar remoto. No Brasil, são mais de 12 milhões de pessoas que trabalham home office atualmente, segundo dados da dados da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades e da International Telework Academy. Nos próximos meses, empresas de diferentes setores e portes serão forçadas a reinventar seus processos de comunicação. Quantas reuniões serão trocadas por videoconferência ou atas e notas, aumentando a produtividade dos colaboradores?
Estamos falando em um novo modo de fazer apresentações com painéis interativos digitais, streamings, gamificação e os mais inovadores sistemas de gestão de Recursos Humanos. Ou até mesmo novas ideias de negócios que podem surgir no período de isolamento. A tecnologia é o principal motor para as transformações. Tudo está online, tudo está na nuvem.
Algumas áreas como a medicina e a educação já estão se adequando a esse cenário. As aulas podem trazer maior dimensão sobre fatos históricos, por meio da realidade aumentada, vídeos e áudios que podem fazer com que o aluno vivencie cada situação de um modo muito mais imersivo. Estudar pelas bibliotecas do mundo inteiro também tornou-se mais fácil, Harvard, por exemplo, disponibilizou um acervo muito rico online.
Os serviços de telemedicina também são cruciais, permitindo a realização de triagem de pacientes, acompanhamento e ajudando, no caso do coronavírus, que não haja a superlotação em instalações hospitalares. Tudo isso por meio de smartphones e qualquer outro dispositivo. Obviamente, ainda iremos avançar e muito nessas soluções, oferecendo melhores serviços e modelos cada vez mais eficazes de consultas e atendimentos.
O mundo tal como conhecemos vai deixando cada vez mais de ser físico e tornando-se cada vez mais digital, na prática. Isso reforça o desafio de formar e poder contar com um número maior de profissionais nas áreas de Tecnologia da Informação. Esse mundo novo pós-pandemia vai nos cobrar mais agilidade para responder à digitalização real e efetiva.
Se já tínhamos uma demanda alta por talentos e especialistas, agora esse déficit deve apresentar uma curva expressiva. Isso porque o desafio de ser digital será exponencializado tanto por empresas que já investiam em modernização quanto por companhias e pequenos e médios negócios que estão enxergando essa necessidade agora, como forma de sobrevivência.
A exponencialidade, tão falada nos últimos tempos, chega com uma força transformadora, demandando mais tecnologia, serviços de nuvem, segurança da informação, inteligência artificial, entre outras soluções. O mundo que conhecemos hoje, definitivamente, não será o mesmo quando a pandemia passar.
Marco Santos é presidente da GFT para o Brasil e América Latina