A importância da arquitetura de referência
Arquiteturas de referência são estruturas padronizadas que fornecem orientações para um domínio ou setor vertical, normalmente abrangendo a conjuntura de arquiteturas comuns. Modelos desse tipo contêm um vocabulário comum, designs reutilizáveis e melhores práticas para cenários específicos.
É preciso distinguir o que está relacionado com as arquiteturas de referência e com as arquiteturas de solução, já que as últimas não são implementadas diretamente, mas sim usadas como guias para composições mais concretas.
Aplicações em software
Quando se trata de software, a arquitetura de referência impõe respostas para estruturas que atenderão domínios específicos e também apresenta um vocabulário comum para discutir implementações, muitas vezes com o objetivo de enfatizar a padronização. Neste mesmo contexto, as aplicações são voltadas a um aglomerado em que as estruturas e os respectivos elementos e relações fornecem protótipos para arquiteturas concretas.
Muitos setores têm suas arquiteturas de referência já definidas, atendendo aos setores financeiro, seguros,telecomunicações, cadeias de produção e muitos outros. A maioria delas inclui blocos de construção, recursos e processos de negócios para um domínio vertical específico. Os componentes dessas arquiteturas podem contemplar, por exemplo, modelos de dados simples, padrões de comunicação e formatos de troca de arquivos. Em alguns casos, pode chegar até a blocos de código e modelos reutilizáveis.
Janela de oportunidades
Uma arquitetura de referência viabiliza procedimentos, geralmente embasados na generalização de um conjunto de soluções. Esses produtos podem ter sido configurados de maneira abrangente, para a representação de uma ou mais estruturas de arquitetura, com base na coleta de um conjunto de padrões que foram observados em várias implementações bem-sucedidas. Além disso, indica como compor essas partes em uma solução. Arquiteturas de referência serão instanciadas para domínios ou projetos específicos e determinados.
Fornecem parâmetros que ajudam a obter uma visão geral de um domínio, sendo que elas orientam, também, um ponto de partida para construção da sua arquitetura corporativa. Elas fornecem estruturas básicas para que você não precise reinventar a roda.
Otimizando processos
Num mundo cada vez mais digital, as organizações precisam se conectar com clientes, parceiros, provedores de serviços, e outros players, tornando a interoperabilidade algo fundamental. Os padrões e blocos de construção fornecidos pelas arquiteturas de referência facilitam essas conexões.
Princípios, práticas e processos financeiros encontram-se cada vez mais padronizados e obrigatórios, por isso é importante existir uma fiscalização mais apurada. A área de Compliance, neste cenário, atua fazendo o controle, pois, muitas vezes as arquiteturas de referência são prescritas – ou fortemente recomendadas – pelos órgãos reguladores.
Benefícios da Arquitetura de Referência
A adoção desse modelo em uma organização acelera a entrega por meio da reutilização de uma solução eficaz e fornece uma base para a governança, garantindo a consistência e a aplicabilidade do uso da tecnologia em uma companhia. No campo da arquitetura de software, muitos estudos empíricos mostraram os seguintes benefícios e desvantagens comuns da adoção dentro das organizações:
- Melhoria da interoperabilidade dos sistemas de software, estabelecendo uma solução padrão e mecanismos comuns para troca de informações;
- Redução dos custos de desenvolvimento de projetos de software por meio da reutilização de ativos comuns;
- Melhoria da comunicação dentro da organização por incentivar as partes interessadas em compartilhar a mesma mentalidade arquitetônica, influenciando a curva de aprendizado dos desenvolvedores devido à necessidade de aprender suas características.
Buscando resultados
O uso de uma arquitetura de referência em uma organização também exige que a governança imponha para que as áreas dentro de uma empresa se comprometam com o seu uso. Elas só são valiosas quando utilizadas como pretendido e seguindo suas orientações, caso contrário, a ideia de reutilizar as melhores práticas do setor será quebrada.
Por exemplo, as funções de negócios de uma companhia de seguros típica são muito semelhantes às de seus concorrentes, assim como muitos processos. As diferenças competitivas provavelmente estarão nos produtos, preços, relacionamentos com clientes e segmentos dos clientes. Reutilizar as melhores práticas do setor fornecidas pelas arquiteturas de referência garante que você não esteja atrás da curva nesses aspectos não competitivos.
Finalmente, a arquitetura de referência deve fornecer uma orientação prática e objetiva, seguindo as premissas de funções ou processos de negócios, blocos de construção e padrões, exigindo um backbone sólido para impulsionar a arquitetura corporativa.
Carlos Mattos é chief architect e head of technology and innovation da GFT